5/27/2014

O Alfredo tem um novo Lar



As minhas complexas questões com os gatos não terminaram com isto.
Primeiro, mesmo depois de castrados, voltaram a fazer as necessidades fisiológicas fora do sítio, inclusive na própria cama deles. Por mais que lavasse a manta e a cama deles, voltavam sempre a fazer o mesmo. Arranjei uma daquelas estruturas enormes para gatos com arranhadores e vários cantinhos fofos para dormirem, e o Alfredo voltou a fazer chichi numa das caminhas.

Apanharam pulgas com os gatos vadios que aparecem no nosso quintal. Tive que os confinar ao escritório e ao quintal. Um dia, o Acácio apareceu com uma pata inchada. Bufava e fugia do Alfredo. Fomos ao veterinário. Diagnóstico: mordedura de outro gato. Separámo-los como pudemos. Voltaram a dar-se bem ao fim de uns dias. Outro dia apareceu com a pata cheia de feridas já cicatrizadas. Não reparámos mais cedo. Deixou de ser possível separá-los. A casa foi reestruturada e deixou de ser possível ter portas fechadas. Num outro dia o Acácio apareceu cheio de feridas no peito. Muito feias, inchadas  e em carne viva. Ainda não está completamente curado mas está bem melhor. Não chegámos a saber se foi o Alfredo porque eles às vezes ficavam no quintal, onde existem outros gatos. O Alfredo passou a habitar o quintal. O Acácio ficou no escritório. Custou-me um pouco no inicio. Gosto de ter gatos de casa e não de quintal. O Alfredo nunca apareceu ferido. Apesar de nunca ter vivido na rua, como o Acácio que era um gato abandonado, ele safa-se bem, é destemido e feroz com os outros gatos. Assim ficaram separados.

Entretanto decidimos que não podíamos manter o Alfredo. Ele passava o dia e parte da noite a miar lá fora. Sabíamos que não podíamos voltar a juntar os dois gatos por isso decidimos dá-lo para adoção. Adiámos esta decisão muitas vezes mas, era mais do que claro que era a única coisa a fazer. 

Coloquei a foto dele no Facebook e liguei para a Associção Açoriana de Proteção dos Animais com a certeza de que iria encontrar alguma orientação e alguma ajuda. A senhora que me atendeu disse-me que não podia aceitar lá o gato. Já tinham muitos e o pouco espaço que tinham seriam para gatos bebés que haviam de chegar. Sugeriu-me que deixasse a foto do gato no site da APA e que ligasse para a Clínica Veterinária do Pópulo (nos Açores). Talvez pudesse deixar lá o gato uma semana pelo menos, para ver se alguém se interessava por ele. Agradeci e fiz prontamente o que a senhora havia sugerido. Eu já tinha ido buscar o Acácio à clínica do Pópulo por isso tive esperança de poder deixar lá o Alfredo. Depois lembrei-me que o Acácio estava fechado numa pequena gaiola que parecia uma prisão e fiquei apreensiva. A apreensão deixou de fazer sentido porque o senhor que me atendeu indicou-me prontamente que não poderia ter lá o gato, ainda por cima sendo um gato grande e que se dava mal com outro, quem é que o iria querer?! O que eu podia fazer era deixar lá a foto do gato ou... melhor ainda, pagar o serviço de hotel da clínica durante o tempo que precisasse.
Passei à segunda opção. Registar-me no site da APA para deixar os dados e foto do Alfredo. Eu estava muito lenta nesse dia ou a verdade é que a única forma de deixar lá a foto do Alfredo para adoção seria registar-me como sócia, pagando a respetiva quota anual de cerca de 25 euros.

Enviei um email a explicar a situação e pedindo algumas informações e ajuda. Nunca obtive resposta. Senti-me desiludida. Óbvio que eu nunca iria abandonar o meu gato. Nunca faria isso. Mas estas Associações não deviam prestar algum tipo de apoio nestas situações de modo a prevenir o abandono de animais antes que ele aconteça?! É muito bom recolher animais da rua. Já o fiz muitas vezes mas evitar que eles cheguem à rua, sofrendo acidentes e passando fome, não seria melhor?

Rapidamente caí na real e percebi que não obteria qualquer tipo de ajuda pelas vias anteriores. 

Coloquei a foto do Alfredo na página de Facebook da APA e da Associação Cantinho dos Animais. Foi grátis.Uma delas enviou-me uma mensagem pedindo para colocar mais informações na mensagem. Foi o que fiz. 

Ninguém respondeu ao apelo mas muitos partilharam a foto do Facebook. Senti a solidariedade. :) Fiquei contente.

O Alfredo continuou lá fora. 

Há dois dias o meu namorado disse-me que alguém estava interessado no Alfredo. Levavam-no essa tarde. Uma senhora ouviu falar da situação dele, em casa de uns familiares nossos, e disse que procurava um gato para o filho de 9 anos. 

Senti-me fraquejar. Formou-se-me um nó no estômago. 
Iam levar o Alfredo dentro de uma hora?! Já não sabia se queria. Parei para refletir. Era o melhor. Não só para nós e para o Acácio, mas sobretudo para ele. Ia ter um quintal grande para brincar, pessoas sempre em casa para estar com ele e dar-lhe toda a atenção que não lhe podíamos dar. Ele ainda não tem um ano e é muito brincalhão. Precisa de atenção. Toda a atenção que um menino de 9 anos lhe possa dar. 

Com ele foi um pouco da comida a que está habituado, o boletim de vacinas e muitas recomendações. As boas e as más. Quem o levou conhece as suas virtudes e defeitos. Não podia ser de outra forma. São pessoas conhecidas. Teremos notícias dele.

Estamos em época festiva em Ponta Delgada: as conhecidas Festas do Santo Cristo.

Começo a acreditar que foi um milagre. :)



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