2/19/2014

Amiguinhos outra vez!





Lembram-se do filme de terror protagonizado pelos meus gatos? Podem encontrar o relato aqui: http://goo.gl/PCji03

Continuação...
Depois do Acácio ter sido castrado no sábado e o Alfredo ter, convenientemente, fugido para a cave (de onde só regressa quando lhe apraz), a única coisa a fazer foi mantê-los separados. Claro que esta situação envolvia uma logística bastante chata: dois recipientes de água, dois recipientes de comida, e duas caixas de areia para gatos, mais a preocupação de estar sempre a abrir e fechar portas de cada vez que precisávamos de nos deslocar de uma parte para outra da casa. Uma verdadeira seca!

Na segunda-feira fomos ao veterinário novamente e o Alfredo foi castrado. Veio bastante assustado o que me deu muita pena... Ficou parte do dia deitado, sem comer, e com um ar abatido mas, felizmente, saudável. Parecia apenas que queria dormir. A ferida estava mais aberta do que a do Acácio (que entretanto já estava praticamente recuperado) e tinha sangue fresco. Ponderei deixar passar um dia e, se não melhorasse, voltava ao veterinário. Felizmente, passadas umas horas ele espevitou, mostrou o apetite de sempre e já adotara o comportamento normal. 

No dia seguinte tentámos, muito cautelosamente, juntá-los. Nada feito. Continuavam a resmungar um com o outro e o Acácio, logo que via o Alfredo, encolhia-se todo e fugia. Concluímos que as hormonas ainda andavam a circular por ali e que ainda era cedo para uma tentativa de aproximação. 

Entretanto pesquisei um pouco na net sobre a situação e possíveis soluções. Li que só uma semana depois é que eles poderiam voltar a entender-se, e que a melhor forma seria proporcionar-lhes momentos agradáveis quando estivessem juntos, como uma brincadeira de que gostassem muito ou comida. Li, também, que era importante que um dos gatos não se tornasse dominante e, para isso, era preciso impedir o mais fraco de fugir.
Isso preocupou-me um pouco porque estava claro que o Acácio era um grande cagunfa e o Alfredo dominava completamente a situação.

Claro que não me apeteceu esperar uma semana e fui, todos os dias, tentando juntá-los. No início, o resultado manteve-se, mal havia uma brecha voltavam a desentender-se. O Acácio, ainda bem lembrado da tareia que levara, bufava logo para o Alfredo e este, sentindo-se hostilizado, resmungava de volta com um vigor tão estridente que me esfrangalhava os nervos.

Passadas mais algumas tentativas, percebemos que o Alfredo estava diferente, aproximava-se do Acácio para o cheirar e já não se exaltava com o cheiro. Parecia estar mais interessado em brincar. Até se fazia de fofo, roçando-se pelos objetos e pelo Acácio sempre que conseguia. Ainda surpreendemos o Alfredo a dar umas "bofetadas" no Acácio mas sem qualquer ruído associado, o que nos fez depreender que se tratava de brincadeira. Mesmo assim, o Acácio continuava com medo e a bufar o que nos impedia de os deixar sozinhos. Eu já estava a desesperar. 

Ponderei devolver o Alfredo aos antigos donos porque não conseguíamos viver numa casa onde não nos podíamos movimentar Iivremente, com o Alfredo a miar de dia e de noite, e nós sempre com medo que eles se pegassem. Percebi rapidamente que isso não seria uma opção. Para mim, também não seria uma opção impingir o Alfredo a alguém, conhecendo a sua peculiar personalidade, e muito menos abandoná-lo num veterinário.

Completamente exasperada, decidi deixar de me preocupar. Tinha passado precisamente uma semana desde que o Acácio tinha sido castrado quando decidi que eles eram gatos, que se entendessem como tal. Se tivessem que brigar, que brigassem, que fizessem como lhes aprouvesse. Sendo assim, deixei os dois no quintal e fui tratar da minha vida. 
Claro que os ia vigiar de vez em quando mas, de resto, quase todas as portas de casa se mantiveram abertas e toda a rotina se desenvolveu como de costume.

Passado um tempo, deixei de ver o Alfredo. Passou-me pela mente um desejo fugaz de que ele, por sua iniciativa, tivesse emigrado. Ele era muito esperto e bom caçador, de certeza que se ia safar. O tempo passou e nada de o ver. Comecei a sentir a falta dele...

Passado mais algum tempo, quando vou ao quarto, que estava fechado, encontro-o a dormir todo descansado em cima da cama. Senti-me mesmo feliz por o ver ali, todo fofinho e bem de saúde e disposição.
Não sei bem como aconteceu mas, nesse mesmo dia, assisti a um momento que julgava impossível: o Acácio a dar duas lambidelas na cabeça do Alfredo.

E assim, exatamente uma semana depois do primeiro gato ter sido castrado (o Alfredo foi dois dias depois) voltou tudo à alegria do costume. Estão exatamente iguais, dormem juntos, brincam muito e são os melhores amigos. Nunca pensei voltar a ver este cenário lá em casa. É uma alegria indescritível. 

Apesar de ter sido muito reticente em relação à castração dos gatos (e não foi por falta de aviso de várias pessoas) vejo agora que é mesmo a única solução e, convenhamos, uma excelente solução. Não só estão exatamente iguais ao que eram antes, como não têm mais o stress inerente ao cio e não têm a necessidade de andar a marcar o território, urinando por aí. 

A nossa vida melhorou bastante e a qualidade da vida dos gatos também. 
Estamos bastante satisfeitos.

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