5/08/2014

Eu vs turistas bizarros (possivelmente descendentes de vikings ou vândalos)

Andava um pouco aborrecida, por não andar especialmente bafejada pela inspiração, e decido ir beber um cafezito numa travessa simpática do centro de Ponta Delgada.
Sento-me na esplanada e tal, com o meu caderninho de notas a apontar umas banalidades práticas e, como de costume, a apreciar o ambiente das redondezas. 

O ambiente das redondezas (ou seja, as outras mesas da esplanada) estava cheio de turistas cuja nacionalidade não consegui discernir. Eram homens e mulheres pelos 50 anos, bastante branquinhos e com uma língua torcida que denunciava uma nacionalidade mais para o Norte da Europa. Cada um deles tinha à sua frente um croissant ou uma merenda mista e uma caneca de cerveja de litro. O costume portanto.
Pensei comigo que eram 14h30, logo até nem era tão cedo como isso para começar a beber cerveja. Bem... penso que eles começam a beber litros de cerveja logo de manhã, o que, pelo que ocorreu a seguir, parece-me agora uma certeza absoluta.

Adiante.
Estava eu, toda importante a escrevinhar no meu caderninho quando uma turista com idade para ser uma avó respeitável coloca um cinzeiro com meio cigarro aceso na minha mesa. Eu olhei para aquilo incrédula, mais chocada que chateada. Após recuperar do choque (mas ainda um pouco abananada) agarro no cinzeiro, enquanto meneio a cabeça e mastigo resmungos audivelmente, e tenho a brilhante atitude de o colocar numa mesa vazia dentro do café.  Volto a sentar-me quando caio em mim e vejo que a minha ação também não teve a maior das lógicas.


Sentada na minha mesa começo a bufar e a resmungar sozinha enquanto os turistas desaforados ficam a olhar para mim e a rir, como se o que tinha acontecido fosse simplesmente engraçado ou mesmo hilariante.

Enfim.

Não passam cinco minutos quando outro "chico-esperto" da mesma mesa, deposita um copo com um resto de cerveja na minha mesa. Foi demais! O fim da macacada. Agarro imediatamente na cerveja e digo-lhe bastante zangada, e no meu melhor inglês (cof cof), que acho que aquilo lhe pertence, enquanto volto a colocar o copo na mesa deles.

E não é que ficaram a olhar para mim com um ar incrédulo? Como se a minha atitude fosse a coisa mais esquisita que eles já tinham visto. Como se eu estivesse a ser muito mal educada. Como se os papeis se tivessem invertido. Era como se um povo civilizado estivesse a chegar a uma ilha desconhecida e tivesse encontrado um índio nu a fazer macacadas.

Isso deu-me que pensar.

Voltei a sentar-me e a encará-los durante um bocado enquanto meditava nesta situação.
Depois de me acalmar ocorreu-me que talvez estivesse a ocorrer aqui um choque cultural e que a minha atitude poderia ser para eles tão bizarra como a deles tinha sido para mim.

A verdade pode ser uma das seguintes hipóteses:

a) Na terra deles é normal depositar o lixo de uma mesa em outra que esteja ocupada mas mais vazia.

b) Eles têm a convição que chegaram a uma terra de pobrezinhos (e eu a pensar que estava bem vestida :/) e estavam apenas a ser simpáticos, oferecendo-me meio cigarro (talvez me apetecesse fumar) e meia cerveja. Afinal o meu café ainda não tinha chegado. 

c) Começaram a beber às 8h00 da manhã e estão todos podres de bêbados (o mais certo). 

No fim de tudo, deu-me um nervoso e não conseguia parar de rir.

 

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